As luzes do carrossel e o som do sanfoneiro não deixavam dúvida, a cidade estava em festa. As crianças no tromba-tromba, os casais na roda-gigante e as senhoras na varanda da casa da dona Maria, observando tudo e comentando sobre aquela pouca vergonha. Tudo estava bem até que a briga começou. E a briga foi feia, sobrou soco para todo lado. Os dois se empurravam e se chutavam, se seguravam e se socavam. Rolaram pela lama e nem a turma do deixa disso conseguia separá-los.
João Sem Braço, sujeito sempre indeciso, abriu caminho na roda para ver o que é que acontecia. Quando viu seus dois amigos, lutando como leões, como era de se esperar, não soube o que fazer. Pensou em deixá-los brigando, uma hora se cansariam, cairiam para o lado, se abraçariam e fariam as pazes.
Mas João achou que estava errado quando Maneco pegou a faca. E teve certeza quando Caetano não hesitou em empunhar o bico de uma garrafa quebrada. Pela primeira vez na vida, João tomou uma decisão. Não pensou duas vezes, sacou a pistola e apertou o gatilho. Foi um tiro só, preciso.
Após um breve silêncio, só ouviu-se o último suspiro de Sara, caída no meio da roda, envolta em manto de sangue. A briga acabou.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
2 de abril de 2008
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O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
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O isqueiro acende a chama Ilumina o olhar Mas fica na vontade Nem ao menos chega perto Do calor da boca
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Saiu de casa cedo, com um caderno velho nas mãos, revisando os últimos detalhes. Na mochila: uma garrafa de água, duas barras de chocolate e...
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