26 de novembro de 2012

Aspirações

Ela era da época em que se espalhava a sujeira pela casa com o espanador, tarefa árdua e que não resolvia o problema do pó, mas que, ao menos, ao dispersá-lo, tornava-o quase imperceptível, ignorável. Tal como o espanador, em relação aos outros problemas da casa e da família, bases às quais se resumia sua vida, dispersava as nuvens espessas com pensamentos e tarefas aleatórias, como testar uma nova receita, cuidar do jardim ou aprender as técnicas de ponto e cruz da revista que comprava sempre que ia ao mercado, um dos poucos pequenos prazeres aos quais ela permitia-se.
Nos trinta e cinco anos de casada, abriu mão de quase todas as suas aspirações. Desistiu da faculdade, da carreira de psicóloga, dos passeios pela praça aos domingos (incluindo o almoço fora e o sorvete, sem obrigação de cozinhar ou lavar louça), das viagens ao Pantanal e ao Nordeste, do cachorro, dos dois gatos e de muitos outros planos e desejos, todos dissipados. Além disso, fazia vista grossa às grosserias, ao excesso de trabalho e aos caprichos do marido, o senhor Leopoldo Guimarães, sujeito mais sovina da cidade. Diziam que ele passava metade do dia preocupando-se em ganhar mais dinheiro e a outra metade preocupando-se em não gastá-lo; Com exceção dos domingos, que o velho respeitava como se por força de lei. A maioria fazia piadas e zombarias, mas quem sofria mesmo era ela, privando-se, presa por si mesma àquela casa com nuvens espessas de pó.
Naquela manhã de domingo, por ser aniversário dela, o marido deixou-a dormir até mais tarde, foi até o jardim, arrancou de lá algumas das rosas de que ela mais cuidava, amarrou-as com um pedaço da hera que subia pelo muro da rua e tentou surpreendê-la com o buquê improvisado e com uma xícara de café na cama. Não teve sucesso na surpresa, assim como não havia tido em todos os outros aniversários múltiplos de cinco, em que ele fazia exatamente a mesma coisa - intercalando com o cartão de próprio punho que entregava nos aniversários dos entremeios. Ainda que decepcionada, ela lembrou-se de como sorriu no ano anterior e estampou no rosto aquele mesmo sorriso insosso, agradeceu de cabeça baixa e foi preparar um chá; Detestava café.
Pouco mais tarde, naquele mesmo dia, o filho mais velho foi visitá-la. Aquele que trabalhava fora, na cidade vizinha, porque o mais novo não ia até a casa dos pais havia mais de cinco anos, desde que o pai o expulsara de lá, alegando que os gastos com telefone estavam muito altos e que havia chegado a hora dele andar com as próprias pernas. Ela permaneceu em silêncio durante a discussão e a partida; E arrependeu-se depois da inércia, mas mantinha contato com o filho por cartas que ela deixava para uma amiga dele, a caixa do mercado. O primogênito, que apareceu com um grande pacote e um sorriso maior ainda, havia fugido de casa cedo porque sabia que, enquanto morasse lá, continuaria brigando com o pai, em defesa da mãe e do caçula. Quando o senhor Leopoldo apareceu na sala de entrada, atraído pelos ruídos de visita recém-chegada, em uma das raras excursões além da poltrona no domingo, cumprimentou-o com um aperto de mão e um tapinha nas costas; Para o velho, aquilo era sinal de muito respeito, adquirido por enfrentar o mundo lá fora e, de quebra, reduzir as despesas da casa. Após o cumprimento, o filho pouco disse e logo despediu-se; Não se sentia bem ali, nunca conseguiu dissipar os traumas.
Pouco interessado pelo filho, pela esposa ou pelo pacote, Leopoldo voltou a recostar-se na poltrona da sala de televisão. Enquanto isso, ela abriu o pacote, primeiro tentando as beiradas e depois, ansiosa, o rasgando em pedaços com as unhas. Leu na embalagem: aspirador de polvo. Riu um pouco da tradução em espanhol ao imaginar o pobre molusco sendo sugado por aquele equipamento da foto, coitado, com os tentáculos ainda para fora, debatendo-se. Ao retirá-lo da caixa, conferiu o manual, montou todos os tubos e foi em busca de um local propício para o primeiro teste.
Chegando à biblioteca - que não tinha nenhum livro novo porque Leopoldo dizia que livro novo era um gasto desnecessário, uma vez que todos se acabariam no alfarrabista da praça central - ela ligou o aparelho na tomada e, de repente, viu-se fazendo desaparecer as nuvens espessas de pó. Camada por camada, retirava o pó de cada prateleira, cada coleção incompleta de enciclopédias (era muito difícil completar alguma comprando apenas as descartadas) e, também, do chão, do ar, de todo o lugar. Quando desligou o aspirador, viu-se em um novo ambiente, verdadeiramente limpo, leve.
Tomada por um novo ânimo, com um brilho incomum nos olhos, partiu para o quarto do casal e ligou novamente o aspirador. Retirou todo o pó do chão, do ventilador de teto, da cabeceira e da penteadeira. Quando foi tirar o pó do criado mudo, uma foto mal presa no porta-retratos acabou puxada para a boca do aparelho. Assustada, após duas tentativas com o pé, abaixou-se, desligou o aspirador e a foto caiu. Ao ver que se tratava de uma foto do marido na viagem de negócios que fez sozinho a São Luis e Salvador, programou o aparelho para a força média e mirou o tubo novamente para a foto. Esta dobrou-se, estalando, e rebateu sonoramente em cada curva do cano até pousar silenciosamente em algum lugar distante.
Surpresa com a potência do aspirador, ela abriu mais ainda os olhos brilhantes, sorriu e apontou a boca do tubo para o enxoval que jazia sobre a cama - com as iniciais dele e dela bordadas em ponto e cruz. Sugou toda a roupa de cama, incluindo os travesseiros. Depois, entre uma gargalhada e outra, aspirou todos os porta-retratos do criado mudo e as roupas e sapatos do armário. Seguindo para o banheiro, aspirou as escovas de dentes, as toalhas de banho - igualmente bordadas – e, por fim, os óleos de banho e perfumes que ele nunca passou nela ou por ela.
Do banheiro ela seguiu para a cozinha, ainda mais animada – quase pecando pelo excesso - e absorveu primeiro os eletrodomésticos, depois o jogo de talheres em prata - presente de casamento, ainda na caixa, as taças de vinho - que nunca foram utilizadas porque vinho era muito mais caro do que cerveja - e os velhos copos de requeijão. No entanto, quando ela virou o tubo em direção aos pratos, aquele que estava no topo da pilha passou por cima dos outros e espatifou-se no chão. Atraído pelo barulho, o velho Leopoldo levantou-se da poltrona e foi até a cozinha; Deu de cara com ela, com aqueles olhos brilhantes e esbugalhados, assustadora e excessivamente animada.
Quando os policiais chegaram, convocados pelos vizinhos que estranharam a barulheira naquela casa costumeiramente silenciosa, encontraram-na sorrindo, de olhos bem abertos, realizada e sentada em um canto da casa vazia - de móveis e traumas. Os braços e pernas do velho Leopoldo, todo desconjuntado, ainda debatiam-se em um último esforço.







2012 - Menção honrosa no 23º Concurso de Contos Paulo Leminski - Biblioteca Pública Municipal de Toledo - PR

24 de novembro de 2012

19 de novembro de 2012

Posfácio

Por meses buscou o final perfeito para a autobiografia

Após finalizar a obra, enviou-a para os editores e partiu com pressa: tinha um destino trágico a cumprir

3 de novembro de 2012

Corretor

Enquanto acompanhava o potencial cliente até o apartamento, que não erá lá essas coisas, mas que ele tentava empurrar como uma grande oportunidade - o lar dos sonhos, falava também sobre as cercanias:

 É um bairro residencial, ambiente bem familiar...

E foi neste momento que notaram, do outro lado da rua, bem no meio da praça, o corpo de um homem que já nem mais sangrava, ferida aberta no peito, lavada pela chuva que atravessou a madrugada.

Eis que numa tentativa desesperada de emendar o furo, conter o vazamento da represa que já se rachava, complementou a fala cortada:

 Essas brigas de família, cada vez mais violentas!

2 de novembro de 2012

1 de novembro de 2012

Nublados

Ela tentava limpar o vidro, e repetia incessantemente:

– Não sai... não sai!

Os olhos seguiam incrédulos, cobertos por nuvens acinzentadas

25 de outubro de 2012

As margens trágicas de um povo histórico

Após séculos de genocídio e exclusão, que desaguaram na marginalização, os autoproclamados senhores da ordem e do progresso não se contentaram

E ansiavam, de pistolas e canetas em punho, por expulsá-los até mesmo das margens

24 de outubro de 2012

Arredios

Correu de braços abertos, tentando agarrar ao menos um - qualquer que fosse, mas não adiantou

Ao abrir os olhos, restava apenas um farfalhar de sonhos ao vento

23 de outubro de 2012

22 de outubro de 2012

Em carne viva

Indefesa, diante do toque impróprio - e indelicado, sangrou

Pela chaga aberta, por memórias nefastas, escorreu a vida inteira, gota a gota: tortura diária

20 de outubro de 2012

Barbárie

O sapatinho do bebê jazia no meio da rua enquanto ele permanecia estático, em estado de choque.

Os outros membros da família estavam sendo carregados para a calçada pelos vizinhos que se aproximavam. Dois dos corpos já estavam cobertos por panos improvisados. Incrédulo, ele observava a cena, esfregava os olhos e passava as mãos nervosas pelos cabelos.

Enquanto uma multidão de curiosos aproximava-se, atraída pela freada, pela pancada no ponto de ônibus e pelos gritos, ele permanecia perdido em seus próprios pensamentos. A consciência lhe transbordava, dando ânsias e tonturas. Decidiu sentar-se e, após retornar ao banco do motorista, abaixou a cabeça e tentou segurar entre dedos trêmulos o turbilhão de ideias e o peso da culpa.

Naquele momento, pensou: “Como é que eu vou viver com isso?”. A primeira batida seca dissipou a dúvida. Os gritos da multidão abafaram quaisquer outros questionamentos:

- Assassino!







2012 - Selecionado no 3º Concurso de Microcontos de Jundiaí - Secretaria de Cultura - Jundiaí - SP

O vulto na cadeira vaga

No meio do caminho

havia duas pedras


de gelo


e uma dose generosa de saudades







2012 - Selecionada no Concurso Literário de Presidente Prudente - Secretaria Municipal de Cultura - Presidente Prudente - SP

8 de outubro de 2012

Traças

As traças devoraram livros
e destrincharam jornais

as traças roeram músicas
e mutilaram filmes

naquela época,
devoraram até pessoas
- famílias inteiras


Após anos de clausura
abriram-se as portas e janelas
os novos ares vieram

e as traças esconderam-se
em cantos obscuros
onde até hoje permanecem
- como se fossem invisíveis


Após anos de negação
continuamos adiando
para amanhã, quem sabe

a tarefa indispensável
de revirar armários
e destrancar gavetas

de explorar porões
- sem esquecer dos sótãos

de jogar luz aos fatos

descortinar as traças

para evitar que se repita
a tragédia como farsa








2012 - 1º lugar no VIII Concurso Literário de Suzano - Secretaria Municipal de Cultura - Suzano - SP

7 de outubro de 2012

Odisseu

Navego por mares errantes
- cansado de batalhas

em rumo a minha pátria
aos braços de minha amada

nascente de meus sonhos

poente de meus anseios

5 de setembro de 2012

Fragmentos

Quebrou-se

no mergulho do pássaro

o espelho d´água








2012 - Selecionada no 12º Prêmio Escriba de Poesias - Secretaria de Cultura - Piracicaba - SP

27 de agosto de 2012

Irremediável

A louça delicada

atirada na parede

partiu o silêncio
- em mil pedaços







2012 - Selecionada no 3º Concurso TOC140 de Poesia no Twitter - VI Festa Literária Internacional de Pernambuco - Olinda - PE;
2012 - Selecionada no 21º Concurso Poemas nos Ônibus e nos Trens - Secretaria Municipal de Cultura - Porto Alegre - RS

10 de julho de 2012

Temores noturnos

Ao relampejar dos faróis

como vultos esquecidos,
agitam braços desesperados

e urram, em ventos agudos
seus temores noturnos


as árvores na penumbra
- apavoradas

na beira da estrada

24 de junho de 2012

Mal estar na sociedade


No eterno retorno
do mal estar perpétuo

partilhamos o que nos resta:
a cada um seu fardo

a mosca nos olhos do gado

22 de junho de 2012

Cochicho

Ela veio caminhando
toda acanhada

querendo me contar as boas novas


Aproximou-se de mim

com as mãos fechadas
diante do rosto

assim, como se trouxesse
só pra me mostrar

ao abrir dos dedos
                                        um vagalume







2012 - 9º Concurso Poemas no Ônibus - Fundação de Arte e Cultura - Gravataí - RS
2012 - Selecionada para participar da Mobilização Nacional do projeto "Um poema em cada árvore" - Instituto Psia - Governador Valadares - MG

10 de junho de 2012

Deserdados

Cansado de tantos vícios - e corretivos sem efeito, fez um novo testamento.







* Remake do exercício de ontem

9 de junho de 2012

Penitência

Cansado de tantos vícios
- e corretivos sem efeito

fez um novo testamento

e deserdou a humanidade

7 de junho de 2012

Invocada

Eva partiu,
deixando para trás o paraíso

não tinha qualquer vocação
pra função que lhe outorgaram:

de esposa-parideira

28 de abril de 2012

Cachoeira

Do alto do precipício

atirou-se, impulsiva


foi a gota d’água







2011 - 3º lugar no Prêmio Cataratas - Fundação Cultural de Foz do Iguaçu - PR

15 de fevereiro de 2012

Estiagem

Entre veios ralos
- esturricados
um acidente vascular
bloqueou o fluxo efêmero

o sal da terra
devorou-me por dentro

14 de fevereiro de 2012

9 de fevereiro de 2012

Os soldados perdidos de Napoleão

Marcharam para o leste, em meio aos campos incendiados e cidades fantasmas. Ainda hoje, passados duzentos anos, alguns soldados fatigados batem à porta dos camponeses – perguntam a direção de Moscou.







2012 - 4º lugar no Concurso "Miniconto para Dickens" - L&PM Editores
Publicado no site da editora L&PM

2 de fevereiro de 2012

1 de fevereiro de 2012

25 de janeiro de 2012

Substancial

Após deparar-se
- com aquele livro
nem comer direito conseguia

passava horas a fio
ruminando poesias

24 de janeiro de 2012

Extenuado

Partiu como uma brisa
um vento qualquer

de repente
sem que ninguém percebesse

parou de soprar
- em um último suspiro

20 de janeiro de 2012

19 de janeiro de 2012

Teatro Dulcina

Do fundo do teatro
acompanho cabeças que valsam
- de um lado a outro
em busca do melhor ângulo

Esta plateia quase plana
um tanto mal planejada
oferece em paralelo
este outro espetáculo

18 de janeiro de 2012

O último olhar

No fim de seus dias
- no exílio injusto

trazia olhos de ressaca
amarelos e marejados


E tinha olheiras tão profundas

que lhe dragavam
- em rugas

o rosto todo

16 de janeiro de 2012

Correntes


O Rio corre
- em período de cheia

e arrasta os infortunados
desprovidos e desavisados

para além de suas margens

13 de janeiro de 2012

Ameaçado

Há clareiras onde havia ideias

e as fontes, poluídas
não inspiram qualquer confiança


o debate corre risco de extinção

11 de janeiro de 2012

10 de janeiro de 2012

Sonho ruim

Mãos ofegantes percorreram-lhe o entrepernas por baixo do lençol. Quando abriu os olhos, o pesadelo estava apenas começando.

Na manhã seguinte, mesa do café posta, a mãe desconversou:

- Foi apenas um sonho ruim

9 de janeiro de 2012

Suspeitos

O sangue frio
percorria olhares foscos

não havia qualquer lampejo
- ou emoção

na sessão de linchamento

2 de janeiro de 2012

Psicose


Nunca fui de confiar em gente sem pescoço, mas aquele era o único sujeito disposto a levar-me a um bairro tão próximo - no taxímetro dava menos de quinze reais e os motoristas que rondam a rodoviária costumam idealizar longas idas à zona sul, dando-se ao luxo de desprezar as corridas até o centro.

Ao abrir a porta traseira, reparei que estas poderiam ser mantidas trancadas pelo motorista. Prevendo um possível risco, deixei a mochila no banco de trás e sentei-me na frente. Era melhor mesmo estar perto, caso fosse necessário entrar em um combate corpo a corpo. Desde que entrou no carro, desleixado, sem nem colocar o cinto, fiquei de olhos nos movimentos daquele sujeito mal encarado, meio corcunda para o lado direito - o que deixava o lado esquerdo um pouco abaixado, de barba e bigode por fazer, com um daqueles chapéus que não sei dizer se é uma boina ou um boné sem aba.

Durante o trajeto, tentei ficar em silêncio, mas, após alguns minutos, ele puxou conversa. Com um grunhido emburrado, tentei puxar de volta, mas ele insistiu, achando que eu não tinha entendido, e eu cedi. Acabamos trocando duas ou três frases decoradas sobre a violência na cidade - no dia anterior haviam roubado um cara da TV e deu em tudo que é jornal, os bandidos não respeitavam mais ninguém. Apesar da conversa, eu ficava atento a cada mudança de marcha, quase me precipitei a impedi-lo quando ele foi pegar o rádio para entrar em contato com a central.

Após meu engano, fiquei relaxado por alguns momentos. No entanto, ao olhar pela janela, percebi que estávamos passando por um viaduto pelo qual não deveríamos passar - ao menos não pelo caminho que eu costumava fazer. Em um primeiro momento, cerrei os punhos e contrai cada músculo do corpo, pensei que ainda podíamos tomar o rumo certo, quem sabe cortando por trás do Passeio, ou pela Tiradentes. Mas foi então que ele começou a desacelerar, em pleno viaduto, local desconhecido e perigoso, afastado das ruas mais movimentadas. Eu precisava ser rápido, utilizando as armas que tivesse no momento - que se resumiam a uma caneta esferográfica e um pacote de balas de menta. Em um movimento só, tirei a caneta do bolso, apertei-a contra o pescoço do safado e ordenei que acelerasse. Surpreendido em pleno pulo, ele começou a acelerar e tentou retrucar, disse-me que tinha família e que só estava tentando ganhar a vida. Não me deixei levar por aquele choro falso. Além do mais, para cima de mim é que ele não a ganharia. Ao alcançar quase cem por hora, puxei o volante para o meu lado, com toda a força possível.

O carro bateu no muro de contenção - por muita sorte não caiu do viaduto - e ainda girou duas ou três vezes antes de ser atingido pelo carro que vinha logo atrás. Eu, que estava de cinto, saí praticamente ileso. O pilantra, no entanto, que já devia estar de tocaia, pronto para me aplicar algum de seus golpes, morreu na hora, dizem que quebrou o pescoço com o impacto no volante. Eu duvido muito, aquele bandido nem tinha pescoço.








2011 - III Concurso de Contos ler&Cia - Livrarias Curitiba - PR;
Publicado na edição de Janeiro/Fevereiro de 2012 da revista ler&Cia


Ilustrado por Robson Vilalba - http://robsonvilalba.carbonmade.com/

1 de janeiro de 2012