28 de novembro de 2008

Ilusionista

A bruxa do norte insistia, há muitos anos dizia que as bruxas do leste, do oriente, é que eram más

Mas era ela própria quem poluia aquele mundo e destruia, pouco a pouco, a camada de Oz

22 de novembro de 2008

19 de novembro de 2008

Desvios

Com tantas placas e setas, tantos mapas e anexos

Com tanta gente apontando para um lado e outras gentes puxando para outro

A verba nunca acertava o caminho

16 de novembro de 2008

Superstição

Era um povo muito supersticioso. Em meio a outras crenças, acreditavam que cruzar os dedos trazia sorte.

Acreditavam tanto, mas tanto, que cruzaram não só os dedos, mas também os braços, e ficaram esperando.

13 de novembro de 2008

Vira-latas

Sem pompons, regras ou frescuras. Sem roupinha para o frio ou coleira para o medo de não se encontrar. Sem tigela de ração, mas, de vez em quando, um potinho de qualy com feijão

Prefiro assim, gosto mesmo é de poesia vira-latas

10 de novembro de 2008

De lua

- Ela é meio de lua.

- Ah é? Meio instável?

- Não, não. Se faz bela com o brilho dos outros.

9 de novembro de 2008

Cortesia

Sou um sujeito avaro

Por minhas paixões, geralmente cobro caro

Mas de você, sinceramente, gostei de graça

7 de novembro de 2008

Venda casada

Quando cansava das reclamações da esposa, pagava pelo silêncio

Quando estava preocupado com o silêncio, pagava pela conversa

Para ele, o sexo era um brinde

3 de novembro de 2008

Faminto

Comeu meu nome, meu telefone e minha identidade

Depois, comeu meu CPF, minha carteira de trabalho e duas fotos três por quatro

Em seguida, comeu minha barba, meu cabelo e meu tempo

Por fim, como sobremesa, o trabalho comeu meu amor







ps: Os três mal-amados, de João Cabral de Melo Neto