17 de outubro de 2007

Passou o dedo pela cabeceira e mostrou para a garotinha deitada na cama ao lado:

- Olha essa sujeira, minha filha, isso aqui está uma vergonha!

- Mas não fui eu que sujei.

- Foi você sim. Está aqui no seu quarto.

- Mas...

- Nada de mas. Ainda hoje você pega um paninho e limpa. Quando eu voltar quero ver isso aqui brilhando.

A garotinha, ainda deitada na cama, refletiu sobre o pó em cima da cabeceira e sua relação de culpa em relação ao pó. E quando a mãe voltou, a cabeceira ainda estava toda empoeirada. Ela então cobrou a filha:

- Por que é que a cabeceira continua toda cheia de pó?

Com um ar de saber só de experiências feito, a garotinha respondeu, até com um certo descaso:

- Não adianta limpar. Vai sujar de novo. É pó de gente.

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