Mãe e filho aguardavam pela consulta na sala de espera. Ela estava entretida com uma revista, lendo sobre a vida daqueles que menos se importam com a vida alheia. Enquanto isso, ele se divertia com a cara grudada no vidro. Desenhando na parte embaçada pelo próprio bafo, criando estórias e aventuras envolvendo a pequena selva que o encarava através do vidro.
Depois de um tempo, entediado, o garoto decidiu que queria explorar os territórios além-vidro, e questionou a mãe:
- Mãe, posso brincar neste quintalzinho?
- Não é um quintalzinho, filho, é um jardim de inverno. E não pode brincar nele, jardim de inverno é só para ver.
O garoto, ainda parado de frente para o vidro, pensou um pouco e respondeu:
- Eu quero ter um desses em casa.
- Não dá, meu filho, só gente com muito dinheiro consegue ter um desses em casa.
O garoto entendeu a lição.
Muitos anos depois, ele parou com o rosto colado no vidro da vitrine de uma das lojas mais caras da cidade. Desta vez, ele é que foi questionado:
- Papai, o que é que você está olhando?
- Jardins de inverno.
E seguiram em frente. Não dava para brincar além do vidro.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
16 de outubro de 2007
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O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
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Tal qual a nata que era como se julgava ela não se misturava Com ares um tanto blasé apenas flutuava, pomposa sentindo-se a dona do lago
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No centro do auditório, a justiça permanece sentada e vendada, enquanto o apresentador aponta para um político corrupto, depois para um ladr...
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