Peguei o ônibus errado. Quando percebi, ao invés de sair, sentei. Até que era confortável.
Só me voltava a agonia quando eu olhava, através do vidro, e via: tudo que eu queria ficando para trás. Quanto mais tempo eu ficava ali, mais longe ficava meu destino. Escorri pelo vidro como a chuva. Mas, fiquei inerte, na cadeira para dois com uma vazia, não sei se por orgulho ou teimosia.
Uma hora, o motorista parou, levantou e disse:
- É o ponto final.
- Tenho mesmo que descer?
- Pode ficar aqui, mas vai ficar só.
Naquele dia, dormi na garagem. Senti um pouco de frio, mas, de resto, era bem cômodo.
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