10 de janeiro de 2006

Má notícia

- Minha filha, sente-se aqui. Tenho que contar uma coisa.

A garota sentou, de olhos bem abertos e boca entreaberta. Já imaginando o que estava por vir.

- Você lembra que há algum tempo eu falei sobre alguém que estava muito doente?

A menina, agora um pouco mais triste, fez sinal de positivo com a cabeça.

- Ele faleceu hoje pela manhã, enquanto você estava na escola.

A garota não conseguiu conter algumas lágrimas, a mãe a abraçou e continuou falando:

- Essas coisas acontecem. Foi melhor assim. Ele estava velho, sofrendo e já tinha perdido mais da metade da visão.

- Mas eu gostava dele! - Exclamou a garota indignada.

- Todos nós o amávamos, mas não havia nada que pudéssemos fazer.

- E onde ele está agora? Eu quero ver ele.

- Achamos melhor que você não o visse daquele jeito, é melhor que guarde lembranças dele vivo e feliz.

- Mas o que fizeram com ele?

- O papai o embrulhou em um cobertor velho e enterrou na beirada do lago, perto daquela árvore que ele tanto gostava.

- Aquela que a gente sempre ia?

- Sim, aquela que se enche de flores roxas na primavera, bem ao lado de onde costumávamos ir pescar.

- Então ele deve estar feliz.

- Provavelmente. Mas por que você diz isso? - Disse a mãe, um pouco surpresa com a frase da filha.

- Ele me contou que foi lá que ele conheceu a vovó.

A mãe ficou sem palavras. Neste momento, o avô entrou na sala:

- Minha netinha querida, não chore! O vovô compra outro gatinho para você.

A garota começou a soluçar de tanto chorar.

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