Colecionava rancores. Vivia guardando-os numa caixa, escondidos debaixo da cama. Com o tempo, a caixa ficou pequena, os rancores espalharam-se pelo chão e ele teve que começar a se desfazer de outras coisas, menos importantes, para abrir espaço.
A situação ainda era suportável quando decidiu levar para casa os desaforos. Em pouco tempo a casa ficou tomada de rancores e desaforos. Não se abria uma porta ou gaveta sem dar de cara com alguns. Inevitavelmente, acabou ficando só. Não se importou muito, afinal, da separação sobraram um bocado de espaço e alguns itens para a coleção.
Ao final de seus dias, não conseguia mais sair de casa, a porta estava bloqueada. Morreu sufocado, com tudo aquilo que não disse.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
24 de fevereiro de 2009
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A janela bate com força e a porta geme contida Não há mais clima
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Era um grande garoto. Pelo menos era isso que os pais, tios e avós diziam sempre. Na maioria das vezes, ainda completavam o elogio com um af...
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Mal sabia que seu trabalho fazia dignos apenas aqueles que colhiam os frutos de seu esforço Sádico e bem treinado, agradecia a oportunidade
Um comentário:
Já desse eu gosto bastante. Sabe, acho tem a ver com o juízo de valores mais velado, apesar de claro, ele não é óbvio. Assim existe espaço pro leitor...
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