A cada vez que se abrem
demoram mais a se fechar
os velhos portões
- enferrujados
E cada vez que se abrem
pequenos demônios escapam
já não sou mais
capaz de contá-los
- contê-los
pequenos demônios
que assombram-me
em sonhos
- assustadoramente
realistas
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
30 de junho de 2015
29 de junho de 2015
26 de junho de 2015
25 de junho de 2015
24 de junho de 2015
Fátuo
Cada amor
um barco à deriva
guiando-se
pelo brilho
de estrelas
que ninguém sabe
se ainda existem
um barco à deriva
guiando-se
pelo brilho
de estrelas
que ninguém sabe
se ainda existem
23 de junho de 2015
22 de junho de 2015
Herança
Pouco importam
os quatro
seis
ou oito
que carregarão
o caixão
os que tem relevância
são os poucos
tantos
outros
que ecoarão
as memórias
os quatro
seis
ou oito
que carregarão
o caixão
os que tem relevância
são os poucos
tantos
outros
que ecoarão
as memórias
19 de junho de 2015
18 de junho de 2015
Descaminhos
O progresso pela ordem
tem limites bem definidos
para ir além
- ao impossível
é preciso recorrer ao caos
tem limites bem definidos
para ir além
- ao impossível
é preciso recorrer ao caos
17 de junho de 2015
Irracionalidade
Há de chegar um tempo
de consciência
e de paz na Terra
quando restar desprovida
de sentido e coerência
a expressão: "herói de guerra"
de consciência
e de paz na Terra
quando restar desprovida
de sentido e coerência
a expressão: "herói de guerra"
16 de junho de 2015
15 de junho de 2015
12 de junho de 2015
11 de junho de 2015
Desbravadores
Somos nós os pioneiros
de cada dia e contexto
e pobre do sujeito
que acredita
- estagnado
na existência
de um mundo estável
de cada dia e contexto
e pobre do sujeito
que acredita
- estagnado
na existência
de um mundo estável
10 de junho de 2015
Magia
Há mais mistérios
entre as teclas do piano
e a melodia
entre as curvas do trompete
e o compasso
entre os furos da gaita
e a harmonia
do que podem imaginar
nossos pés descalços
entre as teclas do piano
e a melodia
entre as curvas do trompete
e o compasso
entre os furos da gaita
e a harmonia
do que podem imaginar
nossos pés descalços
9 de junho de 2015
Diferente
A apresentadora, buscando conscientizar a população a respeito da tolerância com as diferenças, questionou a mãe:
— Quando foi que a senhora percebeu que ele era diferente dos outros meninos?
Ainda visivelmente abalada, provavelmente sob o efeito de medicamentos para amenizar as dores, ela respondeu:
— Há muito tempo, muito tempo. E foi muito dolorido, mais para ele do que para mim. A gente só passou a ser mãe e filho mesmo — a voz começou a ficar embargada, o choro já retornava — quando eu percebi, finalmente, que ele era igualzinho a todos os outros meninos, que merecia todo meu amor... — acolhida por um abraço da constrangida entrevistadora, ela não conseguiu concluir a fala.
8 de junho de 2015
Território da Discórdia
Dali ao horizonte
não havia sequer promessas
apenas raízes mortas
irrompendo da terra seca
não havia sequer promessas
apenas raízes mortas
irrompendo da terra seca
5 de junho de 2015
4 de junho de 2015
Oferenda
Na ressaca da virada
após um ano corrido
eis que vem flutuando
plácida e imaculada
uma rosa branca
devolvida pelo mar
após um ano corrido
eis que vem flutuando
plácida e imaculada
uma rosa branca
devolvida pelo mar
3 de junho de 2015
Padre Sísifo
Não deixava de ir às ruas um só dia, visita fazendas, comércios, empresas, a prefeitura e as praças; sempre com as mãos estendidas em ambos os sentidos: em auxílio e por auxílio. Enquanto estava na rua, mantinha uma caixa de aço, com cadeado bem fechado, na capela simplória, contruída pelo antigo coronel, para o caso de aparecem fiéis afeitos a uma benevolência.
Penosamente tirava o sustento de si próprio e dos necessitados. Mal dava para as contas do mês e os apetites da rotina, tanto menos para as economias. E ele passou anos a anos nesta sina: recolhendo esmolas miúdas, para construir uma igreja impossível.
Penosamente tirava o sustento de si próprio e dos necessitados. Mal dava para as contas do mês e os apetites da rotina, tanto menos para as economias. E ele passou anos a anos nesta sina: recolhendo esmolas miúdas, para construir uma igreja impossível.
2 de junho de 2015
1 de junho de 2015
Sinestesia
Encosto uma concha
na orelha
para ouvir o mar
E recosto a cabeça
no teu colo
para ver estrelas
na orelha
para ouvir o mar
E recosto a cabeça
no teu colo
para ver estrelas
-
O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
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Tal qual a nata que era como se julgava ela não se misturava Com ares um tanto blasé apenas flutuava, pomposa sentindo-se a dona do lago
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No centro do auditório, a justiça permanece sentada e vendada, enquanto o apresentador aponta para um político corrupto, depois para um ladr...