20 de janeiro de 2015

Destino

Quando, enfim, o choro da criança cessou, abafado, todos seguiram viagem aliviados. Alguns, para voltar a dormir, ajeitaram-se nas poltronas, com as pernas sob as mantas demasiado curtas e as cabeças recostadas nos travesseiros espalmados cedidos pela viação.

Os motores continuaram ressoando, constantes e diligentes, adentrando a madrugada. Os faróis na direção contrária, cada vez mais escassos, atiravam-se sobre algum detalhe do acabamento interno e, vez ou outra, refletiam em ameaças ao sono dos mais sensíveis.

Pela manhã, aproximando-se da região metropolitana, iniciou-se a romaria à porta do motorista, seguida pelos desembarques antecipados, em postos de gasolina, passarelas e semáforos.

Ao chegar à rodoviária, os passageiros restantes desembarcaram, pegaram suas malas e seguiram seus destinos. Nas poltronas e no chão, garrafas e embalagens vazias; Enrolado em uma manta, o corpo mirrado.

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