11 de janeiro de 2014

Indescritível

Quando abri a porta, ela ainda estava secando as pernas: com o pé direito sobre o assento da privada, esfregava-o com uma ponta da toalha enquanto a outra ponta repousava leve e casualmente sobre a coxa.
O que mais me chamava atenção, no entanto, era o vapor inebriante que se condensava pelas paredes, pelo espelho, e que me tomava de assalto durante os intervalos infindáveis entre uma inspiração e outra. E eu queria guardá-lo, registrá-lo de alguma forma, mas não era capaz de descrevê-lo, de destilá-lo em minhas memórias. Aquele era o aroma do desejo, e eu não admitiria perdê-lo.

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