- E quanto ao seu texto. Achei a idéia interessante, mas ficou um pouco confuso.
- Em qual parte?
- Não sei direito. Em tudo...
- Dê um exemplo.
- Por exemplo. Por que é que o nome é "Sete Dias" quando fica claro que passam apenas cinco?
- Isso é um detalhe. Para que interpretem o que quiserem quanto aos dias que faltaram. Pode ser porque o final de semana não conta. Ou porque ele perdeu dois dias no meio da memória, por qualquer coisa. Não é de grande importância.
- O título não é de grande importância?
- Não. Para o texto em si, se muito, serve como introdução.
- Mas o título tem que ser coerente com o texto.
- E não é?
- Bom, passam alguns dias, mas não sete.
- Se "Os Três Mosqueteiros" eram quatro, por que meus cinco dias não podem ser sete?
- Mas tinha um que era meio inimigo e que depois se junta de novo. Se o nome fosse quatro ia estragar a surpresa. E também soaria meio estranho... "Os Quatro Mosqueteiros".
- "Cinco Dias" me parece estranho. Pronto! Agora eu tenho uma boa desculpa?
- Não sei.
- Nem tudo precisa ter um amplo sentido por trás. Nem sempre precisa de regras.
- Mas tem que ter regras.
- Por que?
- Porque senão qualquer coisa que fizerem, cheia de erros, pode ser considerada arte.
- Mas a arte não é uma forma de romper com as regras e padrões?
- Mas imagine um texto cheio de erros.
- Imagine um quadro abstrato, ou algo surreal. Melhor ainda, cubista. Ou um filme, no cinema a regra é: introdução, ponto de virada um, conflito, ponto de virada dois, conclusão, final feliz. Só se for de acordo com as regras é arte?
- Não...
- O que é arte?
- Não sei. Você sabe?
- Tanto quanto você... Ou qualquer um.
Um breve silêncio. Deram os últimos goles da cerveja, retiraram o casco do suporte e acenaram para o garçom. Sinalizaram o início de uma nova rodada.
- Mas eu gostei do texto. Só não gostei do título.
- Eu coloquei o sete só para confundir mesmo.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
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O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
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Tal qual a nata que era como se julgava ela não se misturava Com ares um tanto blasé apenas flutuava, pomposa sentindo-se a dona do lago
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No centro do auditório, a justiça permanece sentada e vendada, enquanto o apresentador aponta para um político corrupto, depois para um ladr...
Um comentário:
A gente tava discutindo isso na aula de Marketing dessa semana...
O que era Arte. Até onde ia a arte e até onde ia a ciência... quase a aula inteira de um debate meio vago
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