E ela foi até o quartinho dos fundos. Em um canto escuro e empoeirado, encontrou o velho baú.
Levou o baú até a sala e começou a redescobrir tudo que estava ali guardado há anos. Tinha ali um sorriso sincero que já estava até um pouco amarelado pela falta de uso. Havia também uma porção de otimismo infantil, que apesar de serem infantis eram pelo menos dez vezes maiores do que os adultos. Também brincou um pouco com os sonhos, fantasias e ilusões. Encontrou até alguns medos, mas algumas peças tinham sumido com o tempo.
O velho baú rendeu bons momentos. Mas ao final da tarde, ela recolheu tudo do chão, fechou o baú e o colocou de volta no canto escuro e empoeirado. O sorriso, amarelado, acabou ficando esquecido debaixo do tapete.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
31 de maio de 2007
9 de maio de 2007
Sete
- E quanto ao seu texto. Achei a idéia interessante, mas ficou um pouco confuso.
- Em qual parte?
- Não sei direito. Em tudo...
- Dê um exemplo.
- Por exemplo. Por que é que o nome é "Sete Dias" quando fica claro que passam apenas cinco?
- Isso é um detalhe. Para que interpretem o que quiserem quanto aos dias que faltaram. Pode ser porque o final de semana não conta. Ou porque ele perdeu dois dias no meio da memória, por qualquer coisa. Não é de grande importância.
- O título não é de grande importância?
- Não. Para o texto em si, se muito, serve como introdução.
- Mas o título tem que ser coerente com o texto.
- E não é?
- Bom, passam alguns dias, mas não sete.
- Se "Os Três Mosqueteiros" eram quatro, por que meus cinco dias não podem ser sete?
- Mas tinha um que era meio inimigo e que depois se junta de novo. Se o nome fosse quatro ia estragar a surpresa. E também soaria meio estranho... "Os Quatro Mosqueteiros".
- "Cinco Dias" me parece estranho. Pronto! Agora eu tenho uma boa desculpa?
- Não sei.
- Nem tudo precisa ter um amplo sentido por trás. Nem sempre precisa de regras.
- Mas tem que ter regras.
- Por que?
- Porque senão qualquer coisa que fizerem, cheia de erros, pode ser considerada arte.
- Mas a arte não é uma forma de romper com as regras e padrões?
- Mas imagine um texto cheio de erros.
- Imagine um quadro abstrato, ou algo surreal. Melhor ainda, cubista. Ou um filme, no cinema a regra é: introdução, ponto de virada um, conflito, ponto de virada dois, conclusão, final feliz. Só se for de acordo com as regras é arte?
- Não...
- O que é arte?
- Não sei. Você sabe?
- Tanto quanto você... Ou qualquer um.
Um breve silêncio. Deram os últimos goles da cerveja, retiraram o casco do suporte e acenaram para o garçom. Sinalizaram o início de uma nova rodada.
- Mas eu gostei do texto. Só não gostei do título.
- Eu coloquei o sete só para confundir mesmo.
- Em qual parte?
- Não sei direito. Em tudo...
- Dê um exemplo.
- Por exemplo. Por que é que o nome é "Sete Dias" quando fica claro que passam apenas cinco?
- Isso é um detalhe. Para que interpretem o que quiserem quanto aos dias que faltaram. Pode ser porque o final de semana não conta. Ou porque ele perdeu dois dias no meio da memória, por qualquer coisa. Não é de grande importância.
- O título não é de grande importância?
- Não. Para o texto em si, se muito, serve como introdução.
- Mas o título tem que ser coerente com o texto.
- E não é?
- Bom, passam alguns dias, mas não sete.
- Se "Os Três Mosqueteiros" eram quatro, por que meus cinco dias não podem ser sete?
- Mas tinha um que era meio inimigo e que depois se junta de novo. Se o nome fosse quatro ia estragar a surpresa. E também soaria meio estranho... "Os Quatro Mosqueteiros".
- "Cinco Dias" me parece estranho. Pronto! Agora eu tenho uma boa desculpa?
- Não sei.
- Nem tudo precisa ter um amplo sentido por trás. Nem sempre precisa de regras.
- Mas tem que ter regras.
- Por que?
- Porque senão qualquer coisa que fizerem, cheia de erros, pode ser considerada arte.
- Mas a arte não é uma forma de romper com as regras e padrões?
- Mas imagine um texto cheio de erros.
- Imagine um quadro abstrato, ou algo surreal. Melhor ainda, cubista. Ou um filme, no cinema a regra é: introdução, ponto de virada um, conflito, ponto de virada dois, conclusão, final feliz. Só se for de acordo com as regras é arte?
- Não...
- O que é arte?
- Não sei. Você sabe?
- Tanto quanto você... Ou qualquer um.
Um breve silêncio. Deram os últimos goles da cerveja, retiraram o casco do suporte e acenaram para o garçom. Sinalizaram o início de uma nova rodada.
- Mas eu gostei do texto. Só não gostei do título.
- Eu coloquei o sete só para confundir mesmo.
-
O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
-
Tal qual a nata que era como se julgava ela não se misturava Com ares um tanto blasé apenas flutuava, pomposa sentindo-se a dona do lago
-
No centro do auditório, a justiça permanece sentada e vendada, enquanto o apresentador aponta para um político corrupto, depois para um ladr...