Pela primeira vez em trinta anos, ela olhou fundo, bem nos olhos do marido:
- Você que falou para o menino não se amiudar?
Ele ficou surpreso com a novidade do enfrentamento, corrigiu a postura e falou com ar superior e desleixado - como se respondesse só porque queria mesmo.
- Falei sim, filho meu não traz desaforo para casa!
Mordendo o lábio inferior e contraindo as quinas dos olhos, ela continuou:
- Não traz mesmo. E nunca mais vai trazer
Ele ainda tentou abraçá-la, mas o bote da mão esquerda o afastou daquele choro que era só dela.
2011 - 1º lugar no Concurso de Contos Machado de Assis - SESC - DF;
Será publicado na coletânea do concurso
5 comentários:
Rodrigo: você é grande, sabe disso?
POUCAS palavras que dizem MUITA coisa.
Show de bola!
Parabéns pelo blog.
grato pelos comentários!
tenho grande carinho por este filhote...
abraços,
Qual e mensagem principal que queria passar? Ficou muito bom
só queria contar uma história, Carlos
a mensagem, principalmente nas prosas curtíssimas, fica a cargo de quem lê
um grande abraço
e obrigado pelo comentário!
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