Era uma madrugada de primavera. Eu não sabia exatamente qual dia porque não saia de casa desde que vim para cá. Ouvi os primeiros tiros. A violência assustou a vizinhança, gritou e acendeu a luz.
Confuso, tive vontade de ir até a janela, para ver se conseguia alguma imagem do combate, mas tive medo de ser alvejado por alguma bala perdida. Ciente dos riscos, engatinhei até a janela e, decepcionado, vi o cenário fantasma de toda madrugada. Também vi as poucas luzes nos prédios em volta apagando-se aos poucos, enquanto acostumavam-se com os tiros, cada vez mais escassos. Percebi que o risco que eu corria era relativamente baixo.
A partir deste instante, meu medo era invisível - o que tornava a convivência com ele muito mais fácil. Aliviado, apaguei a última luz e dormi.
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
-
O triste retrato da cidade enlouquecida a ambulância detida no descaso do tráfego
-
Tal qual a nata que era como se julgava ela não se misturava Com ares um tanto blasé apenas flutuava, pomposa sentindo-se a dona do lago
-
No centro do auditório, a justiça permanece sentada e vendada, enquanto o apresentador aponta para um político corrupto, depois para um ladr...
Nenhum comentário:
Postar um comentário