No período da seca
as copas podres
de árvores mortas
emergem das águas plácidas
e a velha garça
retoma seu posto
inabalada
Mas pouco a pouco
a vida definha
em poças ralas
- espaçadas
os peixes debatem-se
desesperados
presas fáceis
O castigo, porém
logo chega aos pássaros
e também aos mamíferos
não poupa répteis
ou anfíbios
não perdoa sequer os insetos
apenas os vermes refestelam-se
em pouco tempo,
dos brados de outrora
restará apenas o silêncio
- calmaria
Exercícios literários e outras peças mal acabadas que não são adequadas para o comércio como produtos culturais.
18 de novembro de 2018
13 de outubro de 2018
Matéria Bruta
A coragem dos ignorantes
é o que nos leva adiante
são as asas
com penas coladas
- que nos alçam
aos planos de voo
e os fracassos
pautados pelo absurdo
- que expandem
as fronteiras da razão
Ao estilhaçar delírios
é que se lapidam sonhos
é o que nos leva adiante
são as asas
com penas coladas
- que nos alçam
aos planos de voo
e os fracassos
pautados pelo absurdo
- que expandem
as fronteiras da razão
Ao estilhaçar delírios
é que se lapidam sonhos
10 de junho de 2018
Transgressão
Despido
diante de olhos desalmados
aquele corpo esfacelado
o corpo não aceito
corpo ofensa
aquele não corpo
banido, proibido
censurado e interditado
Despido
diante de mãos gélidas
aquele corpo mutilado
o corpo ilícito
corpo delito
diante de olhos desalmados
aquele corpo esfacelado
o corpo não aceito
corpo ofensa
aquele não corpo
banido, proibido
censurado e interditado
Despido
diante de mãos gélidas
aquele corpo mutilado
o corpo ilícito
corpo delito
9 de junho de 2018
4 de abril de 2018
Sacrifícios
Seguimos cegamente
como discípulos fervorosos
de deuses insaciáveis
Já não bastam as reses
e a colheita
não há vida
que garanta
- por si só
algum tempo de bonança
As entidades clamam por mais
anseiam por nações
povos
comunidades
e tão logo as recebem
- em diligente oferenda
devoram-nas
arrotam
e exigem mais
como discípulos fervorosos
de deuses insaciáveis
Já não bastam as reses
e a colheita
não há vida
que garanta
- por si só
algum tempo de bonança
As entidades clamam por mais
anseiam por nações
povos
comunidades
e tão logo as recebem
- em diligente oferenda
devoram-nas
arrotam
e exigem mais
4 de março de 2018
Triunfo
Não tenho a voz
embargada por emoções
não grito
não resisto
estou certo da derrota
tanto quanto da impermanência
- tenho em mim
a serenidade dos prostrados
E contento-me com pouco
cultivo revoltas
em fogo brando
e rumino ideias fixas
certezas impassíveis
como nuvens de tormenta
eles passarão
e nós ainda estaremos aqui
sobre as ruínas
- triunfantes
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1º lugar no Prêmio Poesia Agora - Verão 2020, organizado pela Editora Trevo.
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A louça delicada atirada na parede partiu o silêncio - em mil pedaços 2012 - Selecionada no 3º Concurso TOC140 de Poesia no Twitter - VI Fes...
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Exijo, mas dou o mínimo Não tenho dó maior * em parceria com Aninha
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